quinta-feira, 7 de abril de 2011

A escola do Realengo... O que isso tem haver com a decadência do capitalismo



Na quinta-feira, 07/04, O Brasil acompanhou aflito as noticias que vinham do bairro Realengo, Zona Oeste da cidade do Rio de janeiro, onde Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, descarregou mais de cem tiros contra estudantes da escola municipal Tasso da Silveira, matando 13 estudantes e deixando várias crianças e adolescentes gravemente feridos. Imediatamente após o ocorrido foi associado à chacina no Rio de Janeiro a eventos semelhantes em países como EUA, Finlândia, Japão entre outros do mundo capitalista desenvolvido. Nestes países as cenas também são de horrenda barbaridade, onde as vítimas foram alvejadas por um atirador que geralmente tinha alguma relação com o local escolhido para o ataque. No caso de Wellington sua relação era de ex-aluno da escola onde efetuou os disparos.
Cenas impressionantes e grotescas que a grande mídia explora como manchete ao longo do dia, em coberturas ao vivo e fleches a cada novo momento. Esse sensacionalismo das redes de comunicação não está interessado em fazer uma profunda reflexão sobre o fato, mas apenas tornar a brutalidade em audiência. Entretanto, essa invasão da escola Tasso da Silveira tem um profundo sentido para nossa sociedade. Ela deixa em evidência, mais uma vez, a insanidade doentia em que o capitalismo está levando a cada um de nós. A mídia tenta a todo custo esconder essa situação, desviando o foco do atentado para a carta do autor dos disparos, onde ele apresenta suas motivações ligadas a questões religiosas radicais, que foi corroborada pela declaração da irmã do assassino e que caiu como mais um factoide para embutir na cobertura maior atrativo, podendo assim, criar mais um tipo de pré-conceito, agora contra as religiões.
Assim, o povo do Rio de Janeiro já tão castigado pelo deslizamento de terras na região serrana, pela guerra do tráfico nos morros cariocas, agora tem que conviver com mais esse triste episódio. E a responsabilidade sobre esses fatos recai sobre quem? É verdade que é infinitamente improvável discernir quando alguém doente toma a decisão de sair atirando contra crianças dentro de uma escola, mas é notório que em uma sociedade onde se convivem com valores morais degenerados, corrupção, miséria, violência, pré-conceitos de toda ordem, os seres humanos acabam doentes. Essa degeneração é promovida pela decadência da sociedade capitalista burguesa.
Em artigo intitulado “Da Moral Revolucionária ao ‘vale-tudo’”, Martín Hernández (2006), fala da uma moral burguesa degenerada que toma conta de nossa realidade, onde individualismo, competitividade são expressões de uma sociedade onde se vale de qualquer recurso para se atingir o almejado. Assim, a decadência econômica e política do capitalismo entram na esfera da moral e o vale-tudo se faz presente no dia a dia das pessoas, que veem no vale-tudo das empresas em busca do lucro, dos famosos pela exposição na mídia, dos países ricos pelos recursos naturais de países pobres ou de atletas que matam para não assumir paternidade, um manual para suas vidas. Vale-tudo mesmo! Inclusive matar crianças dentro de suas salas de aulas em nome de Deus, ou sei lá do que, para se conseguir uma sociedade moralmente melhor, como a carta escrita por Wellington afirma, referindo-se a quem poderia remover seu corpo, “Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão”.
Tim Maia, em outro contexto, já cantava “vale, vale-tudo, vale o que vier, vale o quiser, só não vale homem com homem e nem mulher com mulher”. Essa é a cara da sociedade capitalista em que vivemos. Sua moral nos torna doentes e é preciso culpar a quem faz isso. Casos como esse da escola do Realengo não serão isolados se não mudarmos nossa sociedade. E mudar essa sociedade só pode acontecer ser for revolucionando sua estrutura burguesa, para que sejamos mais solidários e felizes, onde as mortes ocorram naturalmente e não por assassinatos.
            Nossa profunda solidariedade às famílias das crianças assassinadas e feridas!

colaboração do Profº Luis Carlos Barros da Silva

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